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Meus Amigos:
O assunto das eleições presidenciais está cada vez mais límpido e justifica, imperiosamente, a razão da minha candidatura:
- defender as reais preocupações dos Portugueses e da nossa Nação.
Para os cínicos e maldizentes "comentadores políticos" que afirmam que eu nada conheço das realidades do nosso País, faço uma única pergunta:
alguém já os viu fazer algo a favor dos nossos excluídos e da dignificação internacional do nosso País?
Sejamos determinados!
Fernando Nobre
Exmo. Senhor
Presidente da República Portuguesa
Professor Doutor Aníbal Cavaco Silva
O Senhor corre o sério risco de ser o primeiro Presidente da República que, recandidatando-se ao cargo, perde as eleições. Como sabe, por regra, todos os Presidentes em exercício têm-se recandidatado e têm ganho, por larga margem. Escusado será dizer o quão humilhante seria, para si, ser o primeiro Presidente da República a não conseguir a reeleição.
Há muita gente que espera que isso aconteça. Não é propriamente o meu caso. Considero que, juízos políticos à parte, o Senhor tem um passado de Serviço ao Estado que deve ser respeitado. Eu, pelo menos, respeito-o. E, nessa medida, não ficaria contente por vê-lo sair pela porta pequena do Palácio de Belém.
O que ouso sugerir-lhe é, ao invés, uma saída pela porta grande. O Senhor poderia dirigir-se ao país e dizer algo próximo disto:
“Caros Compatriotas:
Como sabem, dediquei grande parte da minha vida a servir Portugal, nomeadamente no plano político – onde fui, sucessivamente, Ministro das Finanças, Primeiro-Ministro (por mais de uma década) e Presidente da República. Decerto, cometi muitos erros mas, podem estar certos disso, procurei, em cada momento, dar o melhor de mim.
Poderia prolongar esse serviço ao nosso país recandidatando-me ao cargo que, com muito honra, neste momento ocupo: o de Presidente da República.
Penso, contudo, que chegou a hora de me retirar. Depois de todos estes anos de contínuo serviço a Portugal, penso que tenho o direito de me dedicar mais à minha família.
Para mais, e esse foi para mim o argumento decisivo para não me recandidatar, há nestas eleições um candidato que, sem falsas modéstias, julgo poder cumprir melhor do que eu a função presidencial. Alguém realmente acima dos alinhamentos partidários e dos sectarismos ideológicos, alguém que não tem complexos em se assumir como um patriota e defender, como visão estratégica, a convergência entre todos os países lusófonos. Em suma, um homem de futuro e não refém do passado. Falo, obviamente, como todos já perceberam, do Doutor Fernando Nobre.
É com muita honra que, com este meu acto, contribuo para que ele seja o próximo Presidente de Portugal.”
Sei que, muito provavelmente, não seguirá esta sugestão. Tem todo o direito a fazê-lo. Mas depois não se queixe da sua sorte.
Muito respeitosamente
Renato Epifânio
«Na primeira iniciativa de candidatura à Presidência da República, o médico que chefia a AMI defendeu ontem que, dada a situação preocupante do país, o próximo chefe de Estado deve ser alguém que não precise da política, que seja frontal e conheça bem o Mundo.
A primeira declaração que saiu ontem da boca de Fernando Nobre foi para responder directamente ao seu (quase) adversário Manuel Alegre, que classificou a sua candidatura como um factor de divisão de votos à Esquerda que favorece Cavaco Silva. "Estou aqui para unir e não para divisões artificiais. Somos todos necessários, estamos todos no mesmo barco. Somos todos Portugueses", disse, logo a abrir o seu primeiro jantar-comício como candidato presidencial.
Do Mercado da Ribeira, dirigiu um segundo recado aos putativos candidatos ao cargo, por causa dos vínculos partidários e papéis relevantes que tiveram na vida política do país: Cavaco como primeiro-ministro e líder do PSD; Alegre como governante nos Executivos de Mário Soares, dirigente socialista e, por fim, deputado e vice-presidente do Parlamento.
"Dada a situação verdadeiramente preocupante" do país, Portugal precisa de um Presidente que seja independente, suprapartidário, que nada precise da política". Alguém "que conheça bem o país e o mundo e tenha um discurso frontal e de verdade", disse.
O exemplo deve vir de cima
"Sou apartidário, mas não apolítico", referiu, lembrando a actividade profissional exercida na secção portuguesa da Assistência Médica Internacional (AMI): "Faço política humanitária, social, global há 30 anos".
Se for eleito, a prioridade será "lutar contra a desesperança, a descrença e a desmoralização que deprimem Portugal" e exigir aos que estão ao comando da Nação a "insubstituível exemplaridade". Para que "as elites nunca se esqueçam que deverão sempre sobrepor os seus deveres aos seus direitos", referiu.
Se os políticos devem "prestar contas aos eleitores, assumir as suas responsabilidades e as consequências dos seus actos" e pugnarem por maior justiça social, o Estado e o sector privado devem "premiar o esforço e o mérito e combater o facilitismo, a falta de rigor e o chico-espertismo", esta última uma expressão que o ex-chefe de Estado Jorge Sampaio costumava usar.
"Não pactuar com a situação trágica da Justiça em Portugal" e colocar igualmente a Economia, a Saúde e a Educação "ao serviço das pessoas e do Estado e não o contrário", foram outros desideratos enunciados pelo candidato, que quer ajudar a "curar" o país.»
in Jornal de Notícias 2.Maio.2010
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